domingo, 6 de janeiro de 2008

EXCLUSIVO: A lista de Furnas é autêntica


Desde junho de 2006, PF e MPF têm conhecimento de que a lista de Furnas não é falsa; porém, nada aconteceu Divulgação

Dimas Toledo, o pivô da crise Desde o final de 2005, circula pelo país um xerox da famosa e temida lista de Furnas, documento contendo uma relação de pessoas que teriam recebido propina do “caixa dois” arrecadado por Dimas Fabiano Toledo, ex-dirigente da poderosa estatal federal Furnas Centrais Elétricas. Os nomes e os valores distribuídos para campanha política entre candidatos e “amigos” eram realmente decepcionantes e constrangedores, porque da lista constava o nome de “vestais” da política nacional.

A lista demonstra a vulnerabilidade de nosso regime democrático, a promiscuidade existente na direção de estatais e a influência de grupos econômicos nas campanhas eleitorais.

Vários discursos foram feitos nas tribunas da várias Casas Legislativas, municipais, estaduais e federal. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), em um de seus discursos no Senado, desafiou que se fosse apresentado o original da lista de Furnas ele a engoliria na tribuna.

Porém, o que parecia inacreditável aconteceu. O dublê de Araponga Nilton Monteiro, em mais uma de suas trapalhadas, ao comparecer em 5 de maio de 2006 à Superintendência da Polícia Federal (PF) de Minas Gerais, para “reclamar” com o delegado Praxíteles Praxedes que a imprensa o estava chamando de falsário e que a lista de Furnas apresentada por ele seria montada (conforme relatado em meia dúzia de “pareceres” feitos por peritos contratados pelo PSDB), foi surpreendido com a apreensão pelo delegado da lista original que estava em seu poder. A partir daí, o caso da lista de Furnas ganhou outro rumo.

Até então, se tinha apenas uma cópia xerox autenticada do documento. Agora se tem a original.

No mais profundo silêncio, a PF passou a agir, pois, coincidentemente, era início do período eleitoral - maio de 2006 - e qualquer movimentação poderia ganhar caráter político-partidário.

A perícia foi feita com profundidade técnica e científica, conforme demonstra o laudo. O resultado foi contundente e preciso: “a assinatura do documento realmente era de Dimas Fabiano Toledo e o documento não tinha sido montado”.

Desta forma, já não mais se poderia negar a autenticidade da lista, quando muito se poderia dizer que o autor “estava doido ou que tinha feito a lista com o intuito de fazer chantagem”.

Enfim, uma enorme quantidade de suposições poderia ser avocada, embora o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) tenha admitido ter recebido o valor constante da lista.

E agora?

O laudo nº 1097/2006 – INC de Exame Documentoscópico foi concluído em 7 de junho de 2006 e até esta data nenhuma providência foi tomada.

Afinal, alguém influencia a movimentação e a vontade da PF? Ou será que ela fez o seu trabalho e o Procurador-geral do Ministério Público Federal (MPF) repete o Procurador-geral do Ministério Público Estadual (MPE) que nada permite que seja feito com os “afilhados do poder”?

Talvez poucos percebam que estamos diante de uma encruzilhada institucional. Ou a PF e o MPF agem neste caso de forma “republicana” (termo muito em moda) - iniciando uma investigação que inclua 30% dos governadores em exercício e seus auxiliares, 35% dos parlamentares da Câmara e do Senado Federal, 90% dos membros da maioria das Assembléias Legislativas, além do “caixa dois” das grandes empresas nacionais, privadas e estatais, ex e atuais ministros deste e do governo passado, enfim, praticamente todo o universo político nacional - ou teremos que refundar, não os partidos políticos como alguns querem, mas sim o nosso país.

Isso porque vivemos, sem dúvida alguma, um vácuo institucional. Não adianta discurso pela necessidade da convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, o que estamos perto, e de um movimento da sociedade pela “desobediência civil”, pois, com a realidade dantesca de informação que está sendo disponibilizada constantemente à população, não podemos exigir que qualquer cidadão respeite as leis enquanto as elites políticas e econômicas nacional locupletam-se abertamente.

Chegamos a ponto de uma empresa proprietária de várias minas de ouro promover desfiles com filhas e esposas de nossos governantes cobertas em ouro. Enquanto isso, filhos da classe média, menos favorecida, são arrastados por quilômetros fora de um carro. Policiais honestos são obrigados a esconderem suas fardas ao voltar para casa para não serem mortos.

É evidente - e todos sabem - que existem riquezas que foram construídas com trabalho e honestidade, porém estamos falando de corrupção e não de atividade econômica.

O modelo da democracia representativa brasileira literalmente se esgotou por incapacidade moral dos governantes e irresponsabilidade do povo que os elegem.

Preferimos publicar a cópia dos documentos: laudo de Exame Documentoscópico, Auto de Apresentação e Apreensão e a lista de Furnas e não citar ou comentar qualquer nome constante da mesma, pois, por justiça, teríamos que citar todos.

Será você por livre e espontânea vontade quem deverá percorrer a lista, se assim desejar, formando sua opinião conforme sua consciência. A nós só cabe divulgar os documentos que dispensam comentários.

Tentamos falar com diversas pessoas constantes na lista, mas não conseguimos. Da mesma forma, não conseguimos resposta da PF e da Procuradoria da República em Brasília. Tentamos durante uma semana contato com a direção nacional e regional em Minas Gerais do PSDB, mas ninguém quis falar a respeito da “lista original de Furnas”. Procuramos e deixamos diversos recados com funcionários e familiares do Sr. Nilton Monteiro e do Sr. Dimas Toledo e não conseguimos qualquer retorno.

OBS:

Para manter a integridade dos documentos, optamos pela permanência dos mesmos, em um arquivo que será disponibilizado após clicar no link desejado.

Aberto a caixa de arquivos, selecione e clique duas vezes com o botão esquerdo do mouse para que o documento seja exibido.

Você poderá ampliar, movimentar, enfim, fazer com os mesmos o que desejar.

Para abrir a tela seguinte, é necessário fechar a tela de exibição e voltar à caixa de arquivos.
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